sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Técnicas Básicas na Magia

Texto extraído da obra " Um Manual Prático de Magia " ( este texto também conta com o ritual menor do pentagrama ou RMP, porém eu preferi fazer uma postagem individual para o mesmo posteriormente). 

UPDATE : Para ler o texto descrevendo o Ritual menor do pentagrama clique AQUI 

Foi dito, no início do Livro Zero, que Magia é arte de causar mudanças na consciência de acordo com a Vontade. Foram apresentados alguns exercícios que, se não surtiram efeito ainda, então serão facilitados pelas técnicas que serão dadas a seguir, porque vamos começar a causar mudanças na consciência.


Vamos começar a seguir técnicas que, apesar da simplicidade, são a base dos efeitos mágicos. Relaxamento, concentração e respiração.

Relaxamento
Vivemos uma vida tão corrida que raramente paramos para dar um tempo para nossos corpos. Um corpo endurecido e doloroso pode ser um empecilho para concentração, então o melhor a fazer é relaxar.
 A primeira coisa a fazer é escolher uma posição confortável. Você pode ficar sentado, desde que seus pés toquem o chão de maneira confortável. Ou, o que torna a prática do relaxamento mais fácil, deitar-se no chão ou numa cama confortável. Feche os olhos. Comece prestando atenção em sua testa e vá soltando os músculos. Perceba cada sobrancelha e os músculos sobre elas. Preste atenção no nariz e perceba qual é a sensação do momento. Relaxe os músculos em torno dos olhos, as pálpebras e a região sob os olhos. 


Relaxe o maxilar, mas não precisa escancarar a boca. Relaxe a boca, desfazendo qualquer tensão que esteja em torno dela. Relaxe o pescoço e, se estiver sentado, não é preciso deixar a cabeça cair para frente ou para trás, encontre, antes, um ponto de equilíbrio. Parta para os ombros e solte-os; esta é uma área muito tensa, por isso dê uma atenção especial. Relaxe peito e barriga. Encha os pulmões de ar e eleve a barriga um pouco, depois a solte e deixe-a seguir um curso natural; repita isto algumas vezes sem forçar os pulmões. Relaxe as costas, começando pelos ombros, e novamente eles serão relaxados. Vá para os braços, deixando-os soltos e sem tensão. Passe para as mãos, relaxando a parte superior, a palma e casa dedo. Relaxe a área genital. Siga cada uma das pernas, desde o começo do fêmur até os pés, relaxando qualquer tensão, quanto chegar ao pé sinta o arco do pé e relaxe cada dedo. Repita com a outra perna. Depois de ter chegado até o fim da última perna, volte para a cabeça e vá relaxando qualquer tensão que tenha voltado. 

Neste segundo passeio pelo corpo, procure observar rapidamente o corpo, gastando um minuto apenas para percorrer do alto da cabeça até os pés. Repita quantas vezes achar necessário. Anote as sensações (prazer, libertação da tensão ou qualquer outra sensação, mesmo parecendo uma sensação
negativa) em seu diário mágico. Não se esqueça de anotar a posição do corpo na sessão de relaxamento, se estava com frio ou calor, e tudo o mais que você achar relevante. Este método é na verdade uma técnica de meditação usada na Yoga. A capacidade de se concentrar em algo, sem vacilar, é muito útil na Magia. Foi com técnicas assim que eu, e muitos outros, começaram a praticar Magia. Talvez pareça algo pouco mágico, mas manter-se calmo e relaxado durante uma prática mágica é algo realmente importante. Muitas vezes as pessoas se tencionam, acumulam medos, e isto pode afetar seriamente a prática mágica. 

Na prática da Magia Sigicular pode ser feito uso da dor e do desconforto, mas isto é uma opção e, mesmo assim, a capacidade de concentração é muito importante. Eu não aconselharia ninguém a seguir adiante antes de
tentar uma ou duas semanas de relaxamento. Mas aqui também se trata de uma questão pessoal – se você já tem prática este período é, logicamente, desnecessário. Mas há pouca possibilidade de um aluno entender um livro sobre cálculos de física quântica se ele não conhece as operações elementares da matemática.

Concentração
Uma técnica muito importante e que começou a ser desenvolvida com a prática do relaxamento dada acima, e a capacidade de concentração. Nos rituais mágicos uma série de imagens são visualizadas, e é importante que elas sejam mantidas na mente por tanto tempo quanto seja necessário. Para tanto é aconselhável começar com imagens simples, como um quadrado ou triângulo. Feche os olhos e concentre-se numa forma geométrica específica, digamos um quadrado. Mantenha-o em uma tela mental, se quiser; ou então suspenso em um espaço negro e vazio; ou então suspenso em um “nada”. Comece com sua cor preferida, mas mantenha a mesma cor durante toda a sessão de concentração. Esqueça toda a simbologia da forma, não se leve por outras imagens; você não está canalizando uma
comunicação espiritual, está se concentrado, então permaneça concentrado na imagem. 

Depois de experimentar o exercício acima, tente visualizar a imagem na sua frente, suspensa no ar. Depois tente visualizá-la em uma parede ou em outra superfície. Depois passe para um outro exercício de concentração que lhe será muito útil por toda a sua carreira mágica (ao menos espero que ele lhe seja tão útil quanto foi para mim). Olhe para um objeto qualquer e concentre-se em vê-lo em outra cor. Digamos que você está olhando para um vaso verde, imagine que ele é amarelo, visualize-o desta maneira. Provavelmente nada ocorrerá no mundo físico – lembre-se estamos nos concentrando. O importante é manter a atenção em uma mesma imagem por todo o tempo, tenha sempre isto em mente ao praticar a concentração com imagens. Existem outras formas – tantas quantas você possa inventar. 

Concentre-se em uma música, por exemplo. Usualmente nos concentramos em uma música até termos a decorado, então ela passa a um segundo plano, onde normalmente outras atividades nos fazem, em alguns momentos, nem prestar atenção à música que estávamos ouvindo momentos antes. A atenção fica divagando de uma coisa para outra. Em alguns momentos esta divagação ganha força – pesamos em uma conta que está atrasada e a música parece inexistente e, quando retomamos a atenção a música está em um outro ponto e pensamos: “nossa! Eu nem escutei aquele pedaço”. 

O mesmo acontece com alguns leitores que se perdem em uma divagação no meio da leitura e têm que voltar atrás para reler um parágrafo que passou desapercebido. As tarefas mais maçantes se tornam melhores quando deixamos que o piloto automático tome conta delas, mas durante as sessões de concentração a divagação não deveria ser bem-vinda. Uma técnica interessante é manter-se parado durante um tempo, mas isto nós já fizemos com o exercício de relaxamento. 

Mas uma coisa que pode ser muito interessante é concentrar-se na respiração. É uma técnica de meditação bastante antiga, executada a milhares de anos na Yoga e no Budismo. Sente-se numa posição confortável ou deite-se de costas. Relaxe durante alguns segundo, principalmente os ombros. Então preste atenção na respiração, nas narinas. Perceba o ar saindo e entrando. Não fosse! Deixe a respiração ser natural, como ela é o tempo todo – com certeza ela acabará por se tornar mais lenta naturalmente ao longo da sessão de meditação, sem que você tenha que interferir. Uma coisa a ser observada nestes exercícios é a duração da prática. 

No começo dois a cinco minutos são suficientes, mas vá aumentando gradualmente a cada sessão. Aumente trinta segundos na primeira semana e mais trinta segundos na segunda. 

Quinze minutos são suficientes para cada uma destas práticas, mas a exaustão deve ser evitada a todo custo – você vai estar tentando se equilibrar e não se destruir. Anote sucessos e fracassos em seu diário. Se estiver em um estado de espírito bastante desinquieto (não importa se com raiva do latido de seu cão ou com vontade de assassinar o vizinho) anote-o e descreva como você acha que ele interferiu em sua prática. Anote o estado de espírito depois da prática, possivelmente notará que está mais calmo.

Respiração
Existem muitos exercícios de respiração provindos da Yoga, mas nós vamos dar uma olhada em apenas um. Você deve imaginar que o universo vibra. E tudo que vibra produz Beleza, como a vibração da corda de instrumento (seja um pianista interpretando Chopin, ou a banda Marilyn Manson tocando sons pesados). 

Entrar em um estado de vibração pode ser bastante calmante e elucidativo, desde que isto seja feito com um pouco de seriedade. A técnica é colocar a respiração em um ritmo. Conte até quatro, com a respiração normal, isto é para relacionar a velocidade da contagem de forma a que você não force muito os pulmões. Conte até quatro inspirando (enchendo-se de ar), conte até quatro expirando (esvaziando-se). Quando descobrir uma contagem agradável continue nela, esta contagem deve ser agradável e no seu ritmo natural. 


Se persistir – mas não provoque exaustão em si mesmo – acabará entrando em um estado de vibração. Sei que este é um termo muito vago, mas a experiência é bastante perceptível. Você perceberá um estado de ritmo constante e delicioso em todo o seu corpo. Descreva as sensações e como você as interpreta em seu diário mágico.

Lembre-se de não forçar os pulmões. Provavelmente neste ponto do Livro Zero você deve estar se perguntado o que é que estas coisas têm de mágico. Esta é uma pergunta natural – eu também a fiz no início de meus exercícios. É que estas são as técnicas básicas da Magia, a partir delas uma série de outras práticas são desenvolvidas. 
A capacidade de se concentrar numa imagem já foi discutida no item concentração (e sua utilidade será demonstrada mais adiante no item Rituais de Purificação), a validade da
descoberta do ritmo é a descoberta de si mesmo. O uso do relaxamento é para manter uma sensação agradável durante um ritual, sem esta sensação o ritual facilmente se torna cansativo e maçante e, não raro, improdutivo.

Experimente relaxar um pouco antes de começar a prática. Muitas pessoas com as quais eu tive contanto – desde de Magos proficientes até medíocres – obtiveram resultados melhores depois de um exercício de relaxamento.

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